Gre-Nal tem 'lei do silêncio' nos dois lados e rotina de Europa em treinos














Blindar o vestiário, limitar as informações que chegam ao adversário e aumentar a concentração. A semana que antecede o Gre-Nal há tempos tem a mesma cartilha nos dois lados do clássico de Porto Alegre. Às vésperas do confronto da 33ª rodada do Campeonato Brasileiro, Grêmio e Internacional adotam a 'lei do silêncio' e alteram suas rotinas de treinos. Tudo em busca de uma vantagem qualquer que possa decidir o jogo.

A determinação principal diz respeito ao contato dos jogadores com a mídia. Logo após a partida que antecede o Gre-Nal, os dois clubes passam a vetar entrevistas exclusivas e qualquer tipo de produção de conteúdo envolvendo integrantes dos vestiários. Sob a égide de que menos é mais. De que com o controle total, restringindo as manifestações às coletivas, é possível evitar declarações polêmicas. Motivação alheia sem querer.

O procedimento foi adotado primeiro no Beira-Rio e tempos depois também migrou para o Olímpico e Arena. A 'lei do silêncio', com isto, já foi completamente incorporada à rotina do clássico.

A partida mais nova desta mutação no dia a dia dos clubes está mais ligada ao campo. Que foi crescendo progressivamente e conta com os estádios como aliados: os treinos fechados, longe de torcedores e jornalistas. Com uma pitada de Europa, onde as atividades raramente são liberadas para imprensa, a dupla Gre-Nal incrementa a dose de mistério no confronto.

Todo esse clima de dúvida teve seu auge em 2012, quando Vanderlei Luxemburgo mandou o Grêmio a campo com 14 jogadores. Sem indicar o time nos poucos minutos que orientou a equipe diante das câmeras, o técnico resolveu que entrar com três atletas além da conta era uma boa para confundir Dorival Júnior. Os 'excedentes' saíram do vestiário e foram ao centro do campo e apenas lá, segundo antes da bola rolar, deixaram os companheiros que de fato iriam atuar desde o princípio. A manobra não surtiu tanto efeito, pois o Inter acabou ganhando por 2 a 1 e ficou com a Taça Farroupilha – equivalente ao 1º turno do Gauchão.

"Vocês nem precisam vir cedo para olhar treinamento. Não vai ter como. Sei que tem gente que fica atrás da ponte, escondido atrás do carro, em outro lugar para ver o time. Terão que fazer este esforço. Vou treinar A, B e C. Deixar vocês [imprensa] em dúvida. Gostem ou não", prometeu Scolari logo após o triunfo diante do Vitória, reforçando a cultura do treino fechado.

Neste clássico, Felipão tem motivos de sobra para fechar os treinos. A equipe deve ter mudanças em dois dos três setores básicos e as opções para o meio-campo é que geram dúvidas. No Internacional, mesmo que somente a situação de Alex deixe a escalação incerta, quanto mais incerteza Abel Braga puder criar, melhor. Pelo menos na visão da própria comissão técnica e dos dirigentes.

"Gre-Nal só na sexta, na entrevista, e com certeza com portão fechado, vocês não vão saber o time", disse o técnico do Inter.

Entre os jogadores as diretrizes específicas para o pré-jogo contra o rival são vistas com bons olhos. Uma saída para deixar o grupo com maior intimidade nos treinos.

"A preparação é a mesma de qualquer jogo importante. Não vamos inventar ou fazer algo diferente por ser Gre-Nal. Temos que fazer o simples e fazer bem feito. O Felipão vem passando essa teoria para a gente e agora é aplicar no jogo", comentou Ramiro. "Gre-Nal é um jogo de muita marcação. Sei como é a expectativa da torcida, da direção. A rivalidade é muito grande e precisamos de atenção", afirmou Ernando.

UOL Esporte

Comentários