Federação liberou homens no nado sincronizado. Como fica o Brasil?














Na semana passada, a Federação Internacional de Natação (Fina) fez um movimento histórico e aprovou a participação de homens em competições oficiais de nado sincronizado. Um prazo para a inclusão de duetos mistos em torneios se dará de forma gradativa e ainda não há datas definidas para que comece a fazer parte dos programas de Mundiais e Jogos Olímpicos. Mas cedo ou tarde isso irá acontecer. E como fica o Brasil nesta história?

Exclusiva para mulheres nas principais competições nacionais e internacionais, a modalidade tem participação quase nula de homens em terras tupiniquins. Para se ter ideia, a presença masculina até mesmo na área técnica é reduzida. No alto nível, apenas um treinador trabalha com nado sincronizado, no país, o alagoano Levy Cavalcante Sena.

Atletas, então, nem pensar. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) não possui registro de nenhum homem que esteja competindo no país. O último que se arriscou na modalidade já não se apresenta há sete anos. Trata-se do pernambucano Cesar Sales, de 26 anos, que trabalha atualmente como professor de Educação Física no Recife.

"Por conta da faculdade, deixei o nado sincronizado de lado. Passei cinco anos fazendo apresentações em alguns torneios regionais e nacionais, mas sem competir, pois nunca houve uma regra definida para a participação de homens. Achei muito boa esta iniciativa da Fina de liberar a participação de homens, mas não sei se voltaria a competir. O nado não é tão bem remunerado. Seria complicado bancar os treinos e ir competir no exterior", disse Cesar ao UOL Esporte.

Para Levy Sena, a determinação da Fina ajudará a popularizar ainda mais o esporte mundialmente, mas um árduo trabalho terá de ser feito no país para atrair homens para um esporte conhecido pelo charme e  delicadeza das atletas.

"Será maravilhoso ter homens no nado sincronizado, um passo adiante que se dá para quebrar paradigmas, como foi a inclusão de mulheres no MMA. Mas não basta só a Fina autorizar. Teremos de fazer com que os homens vejam o esporte com outros olhos. Por ser uma modalidade bem delicada, é claro que existe um preconceito", afirmou o treinador, que também trabalha como árbitro em competições nacionais e internacionais.

Apesar da liberação de duetos mistos pela Fina, a CBDA ainda não sabe quando incluirá a disciplina nas competições que são realizadas no país. Conversas sobre o tema estão em fase embrionárias e nenhuma proposta oficial foi apresentada pelos dirigentes.

"Temos esta intenção, mas não há nenhuma definição até o momento. Mas com certeza seria interessante para nos ajudar no processo de divulgação da modalidade. É importante termos esta presença masculina", afirmou Sônia Hercowitz coordenadora de nado sincronizado da CBDA.
"É muito positivo que se permitam os duetos mistos. O homem tem mais força do que a mulher e isso pode trazer novos elementos para as apresentações", afirmou Maura Xavier, técnica da seleção brasileira de nado sincronizado.

Para ela, esta força masculina pode combinar perfeitamente com características mais comuns às mulheres, como a flexibilidade e conhecimento corporal.

Enquanto no Brasil a prática do nado sincronizado entre os homens é pouco disseminada, na Inglaterra existe uma equipe que só conta com homens em suas fileiras.
Formado em 2009, o OTS Angels foi formado por cinco gays que queriam encontrar uma porta de entrada na modalidade. Hoje, já conta com mais de 20 membros que se apresentam por todo o Reino Unido. O grupo, inclusive, já enviou documentos à Fina e ao Comitê Olímpico Internacional (COI) solicitando a entrada no programa olímpico.

"É irônico que os Jogos Olímpicos tratem de igualdade e ainda assim não tenhamos uma chance de competir e outros times masculinos não possam competir", afirmou o capitão do time Stephen Adshead, em entrevista ao canal americano ABC.

No mundo, outros dois nadadores se destacam no nado sincronizado, os americanos Kenyon Smith e Bill May, que participam de campeonatos nacionais. Este último, aliás, tentou participar da Olimpíada de 2004 e ganhou apoio da Federação America, mas o COI não deu o aval. Em 1998, ele participou dos Jogos da Amizade no dueto misto.

UOL Esporte

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