Um time brasileiro ganhou a Libertadores e está na final do Mundial















Um time de futebol brasileiro foi campeão da Copa Libertadores da América neste ano, pela terceira vez em sua história. E ainda está na final do Campeonato Mundial. Só que você, provavelmente, não sabe muita coisa sobre eles. Ou melhor. Elas.

Na madrugada de sexta para sábado (às 2h de Brasília), o São José enfrenta o Arsenal, da Inglaterra, na final da Nestle Cup. Sem filiação com a Fifa, o torneio foi criado em 2012 nos mesmos moldes do Mundial de clubes masculino. Tem um representante de cada continente (mas sem um time da Concacaf) e dois anfitriões. Imagine uma Copa Toyota feminina.

O Mundial está longe das TVs brasileiras e o site da competição tem notícias apenas em japonês. Na semifinal, os brasileiros tiveram um delay de algumas horas para saber o resultado do duelo contra o Urawa Red Diamonds. A notícia da vitória por 1 a 0, com gol de Debinha, só chegou ao país quando quem estava lá conseguiu avisar quem ficou por aqui. "Estamos dependendo do que os nossos dirigentes que estão no Japão nos passam. Infelizmente, ninguém se interessou em transmitir o Mundial", lamenta Antônio Carlos Silvério, coordenador de esportes amadores da Prefeitura de São José.

Isso, porém, não invalida a importância do torneio. O São José é o primeiro time brasileiro que está jogando o torneio e está conhecendo o modo como os japoneses cuidam do esporte. E estão impressionados. Os locais de treinamento são de primeira linha, os gramados beiram a perfeição, os dirigentes são bem preparados e a Federação Japonesa, que organiza o torneio, está realmente interessada em ver o futebol feminino crescer, apoiando clubes e sua seleção. Bem diferente do que acontece com a CBF, em que as mulheres estão bem longe de ser uma prioridade.

"Comparando com o restante do Brasil, o São José tem uma estrutura muito boa. Os títulos que conquistamos mostram isso. A cidade de São José dos Campos tem condições de se igualar ao que vemos aqui, mas o Brasil ainda está longe da estrutura encontrada aqui no Japão", diz o coordenador da equipe, Gustavo Assad.

Essa história de títulos começou em 2001, quando o futebol feminino entrou no programa dos Jogos Abertos. A prefeitura usou, então, um fundo de apoio aos esportes amadores para formar um time para defender a cidade. Quando a Federação Paulista criou o Paulistão feminino, foi feita uma parceria com o São José Esporte Clube para entrar no torneio. O dinheiro, porém, seguia vindo do município. O clube já tinha dificuldades para bancar a equipe profissional masculina e não tinha como bancar, também, uma versão feminina.

O time alcançou a elite do futebol feminino nacional em 2010, quando uma faculdade local, a ETEP, apostou no projeto, via uma lei de incentivo fiscal local. Nesse momento, o time ganhou atletas com passagem pela seleção. Nomes conhecidos, como as meio-campistas Formiga e Rosana, a goleira Andréa Suntaque e a zagueira Bagé, defendem o time. Assim como a atacante Debinha, uma das maiores revelações brasileiras pós-Marta, que chegou neste ano.

A união de uma equipe forte com uma cidade disposta a acolher um time vencedor fez sucesso: na final da Libertadores desse ano, oito mil pessoas encheram o estádio Martins Pereira para acompanhar a vitória por 5 a 1 sobre o Caracas, que valeu o tricampeonato continental.

Hoje, o São José é, também, bicampeão da Copa Brasil e do Paulistão. No ano passado, foi vice-campeão brasileiro – em 2014, parou nas quartas de final do torneio, eliminado depois de jogar sem sete jogadoras, com a seleção no Sul-Americano. Para alívio de quem está torcendo por elas, o São José está com o time completo no Japão. E quem está lá acredita em um primeiro título mundial para o futebol feminino brasileiro.

"O Arsenal é muito forte, principalmente fisicamente. E cheio de jogadoras de seleção. Tem atleta dos EUA, da Escócia, do Japão. Tem também um contra-ataque muito rápido e um controle táticos durante a partida excepcional. Vamos nos doar na proposta defensiva e pensar primeiro em marcar e ser inteligentes taticamente. É preciso fechar os espaços e ter muita atenção com as bolas diagonais, que elas fazem muito bem", disse o técnico Adílson Galdino. "Quando tivermos com a bola, temos de tocar com objetividade, para chegar rápido ao gols adversário. Temos que aproveitar o que temos de melhor. Final se joga com inteligência. E, quando aparecer a chance de decidir, temos de ter eficiência", completou.

UOL Esporte

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