Impasse de Ganso com o Santos continua; relembre rusgas da renovação

Ganso participou nesta quarta-feira de jogo-treino e marcou dois gols sobre a equipe sub-20 do clube. Foto: Santos FC/Divulgação

"Novela" envolvendo futuro do meia já dura sete meses

A rusga envolvendo a renovação do meia Paulo Henrique Ganso com o Santos ganhou mais um capítulo na última terça-feira. Em reunião no CT Rei Pelé, o camisa 10 manifestou desejo de jogar no futebol europeu e ouviu a diretoria dizer "não" ao seu pedido de redução da multa rescisória. O episódio foi apenas mais um capítulo do imbróglio que completará sete meses nesta semana.

Em meio à polêmica entre o jogador e o clube e a falta de entendimento mútuo entre as partes, o Terra listou um cronograma passo a passo de todos os acontecimentos que culminaram no atrito, que tem ocupado as paginas dos jornais nos últimos meses.

Confira abaixo:

Primeira renovação: no início de março de 2010, o atleta firmou novo vínculo com o clube que duraria até 28 de fevereiro de 2015. Seu salário foi aumentado para R$ 130 mil mensais e a multa rescisória acabou mantida em 50 milhões de euros (cerca de R$ 120 milhões) para clubes do exterior.

Pós Copa do Mundo: o assédio ao jogador aumentou consideravelmente nesse período. O atleta vivia uma excelente fase, com a conquista do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil pelo Santos. Depois de o time alvinegro conseguir rejeitar o investimento do Chelsea e manter Neymar, foi a vez de segurar Paulo Henrique. Uma reunião para discutir o plano de carreira foi marcada para o dia 26 de agosto.

Grave lesão: em 25 de agosto, durante embate contra o Grêmio, no Olímpico, o meia sofreu uma grave lesão no joelho esquerdo que o afastaria dos gramados por quase sete meses. O incidente, segundo já disse o atleta publicamente algumas vezes, pode ter sido crucial no futuro "recuo" do Santos nas negociações.

Primeira reunião: no dia seguinte à partida, a diretoria santista reuniu-se com ro staff do atleta para apresentar o mesmo projeto de carreira acertado com Neymar. Coincidentemente, foi também em 26 de agosto que o atleta descobriu que poderia ficar até oito meses afastado dos campos de futebol por ser constatada uma ruptura total dos ligamentos do joelho. Uma cirurgia foi realizada dois dias depois.

Recusa de Ganso: o meio-campista recusou o projeto pela primeira vez no meio do mês de outubro. Após quatro reuniões, em que estiveram presentes dirigentes do clube e representantes da DIS, que possui 45% dos direitos econômicos do atleta (o Santos tem outros 45% e o meia 10%), Paulo Henrique disse ao Santos que não aceitava vender parte de seu percentual de imagem, a exemplo do que fez Neymar, e rejeitou o acordo.

Polêmica DIS x Santos: o clima começou a esquentar entre a DIS e o clube em novembro. A empresa do Grupo Sonda foi à Justiça cobrar o Santos o pagamento de 2,5 milhões de euros referentes à venda de Wesley ao Werder Bremen, já que o grupo possuia 25% do passe do jogador. A diretoria atual alega que a DIS pagou pouco por diversos atletas na gestão Marcelo Teixeira, entre eles Ganso. A rusga se tornaria crucial na renovação.

"Abandono" do Santos: após a recusa inicial, o clube não procurou mais o meio-campista para tratar de renovação. Nos meses de novembro e dezembro, ninguém do Santos foi atrás dos representantes do atleta e deixou o projeto de carreira esquecido. O desdém santista magoava o jogador, que se sentia abandonado e via seu salário estacionar nos R$ 130 mil (Neymar já ganhava R$ 500 mil). Posteriormente, Ganso diria que a lesão foi crucial para o desleixo santista.

Ganso torna insatisfação pública: no dia 11 de janeiro, o camisa 10 veio a público e não mediu palavras para descrever seu descontentamento. Afirmou estar "triste e chateado", e ironizou o Santos com o suposto interesse da Inter de Milão. "A última campeã mundial e da Europa está interessada no meu futebol mesmo com a contusão e o Santos praticamente não me valorizou", disparou na ocasião.

Recuo santista: o desabafo de Ganso pegou o Santos de surpresa. Pessoas ligadas ao atleta confirmaram que no mesmo dia o presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro entrou em contato com o irmão do meia, Papito Lima, e com seus representantes para agendar um novo encontro para a semana seguinte. Horas depois da entrevista do camisa 10, o clube emitiu nota oficial colocando panos quentes no assunto.

Suposta ida ao Corinthians: a rusga entre DIS e Santos seria crucial nesse impasse. Rumores na imprensa sugeriam que o grupo havia oferecido Ganso ao arquirrival Corinthians mediante pagamento de multa rescisória, que era de R$ 66 milhões ao mercado nacional. Posteriormente, a informação acabaria confirmada por membros do grupo e também pelo presidente Luis Alvaro, que declarou que Andrés Sanches, mandatário corintiano, ligou para ele e confirmou a informação.

Insatisfação de Ganso Parte II: às vésperas de retornar aos gramados, o camisa 10 deu entrevista a algumas emissoras de TV e disse ao Sportv que continuava magoado com o Santos, principalmente pela demora com sua renovação contratual. As declarações não caíram bem no clube.

Retorno de Ganso: o meia voltou aos campos em grande estilo ao entrar no intervalo do jogo contra o Botafogo-SP, na Vila Belmiro, e dar um show particular. Com dribles, gol e jogada genial que culminou em outro gol, a atuação do camisa 10 foi crucial para a vitória por 2 a 1. Curiosamente, o Santos - receoso por novas investidas negativas do jogador - não colocou o meia para dar entrevistas após a partida.

Ganso diz que quer jogar na Europa: após outras duas reuniões, o meia decide participar de encontro agendado para a última terça-feira no CT Rei Pelé - foi a primeira vez que ele marcou presença nas negociações. O jogador manifestou à diretoria desejo de jogar no futebol europeu e pediu a redução da multa rescisória de 50 milhões de euros para algo em torno de 30 e 25 milhões de euros.

O Santos, por sua vez, considera inviável diminuir o valor e não aceita negociar. Contudo, fez proposta salarial de cerca de R$ 400 mil mensais, abriu mão de receber os 30% dos direitos de imagem do atleta e tentou seduzi-lo com um "salário europeu" atuando no Brasil. Só que Ganso e a DIS mostram-se irredutíveis.

O atleta sofre com o assédio de times italianos, como o Milan e a Inter de Milão, do técnico Leonardo, que conversa frequentemente com o meia por telefone. Ao menos por enquanto, o que circula nos bastidores é que o meio-campista deve atuar na Europa até o final do ano. O presidente Luis Alvaro, inclusive, admitiu pela primeira vez que já pode estudar propostas para liberar o meia por um valor abaixo da multa. Agora, resta saber que fim levará o impasse.

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