Perto do tri, Almagro faz piadas e torce para Guga entregar troféu

Em SP, Almagro usa camisa amarela que lembra um pouco a vestida por Kuerten em Roland Garros, em 1997. Foto: Gaspar Nóbrega/Inovafoto/Divulgação

Em SP, Almagro usa camisa amarela que lembra um pouco a vestida por Kuerten em Roland Garros, em 1997

A uma vitória do terceiro título do Aberto do Brasil, Nicolás Almagro pode superar Gustavo Kuerten e se tornar o primeiro tricampeão da história do torneio. O espanhol número 11 do mundo, que enfrenta o italiano Filippo Volandri, o 69, a partir das 15h (de Brasília) deste domingo, entrará em quadra com uma camiseta amarela que seria uma homenagem ao brasileiro e gostaria de contar com a participação do ex-tenista na cerimônia de premiação do torneio.

Desde quando estreou em São Paulo, na última quinta-feira, Almagro vem vestindo uma camiseta amarela com detalhes em azul e um shorts azul. Neste sábado, ele afirmou a repórteres logo depois de vencer o compatriota Albert Ramos na semifinal que se tratava de uma homenagem a Guga, que usou uma combinação de cores parecida em 1997, quando o jovem, então com 21 anos e apenas o 66º colocado do ranking, surpreendeu o mundo do tênis e conquistou o primeiro de seus três títulos em Roland Garros.

Na coletiva de imprensa, Almagro confirmaria a história. "Não disse de brincadeira. Eu podia jogar com outras cores e não quero. Quero jogar de amarelo", apontou ele, que também utilizou uma camiseta amarela e um shorts azul no Aberto da Austrália desta temporada - os detalhes do uniforme eram um pouco diferentes.

Durante a entrevista, foi ventilada a possibilidade de que Kuerten se dirigisse ao Ginásio do Ibirapuera para entregar o troféu ao campeão do Aberto do Brasil, o que "seria incrível", nas palavras de Almagro. "Tenho a sorte de poder ter contato com Guga porque temos amigos em comum. E bom, poder talvez a maior estrela do tênis brasileiro me entregar um título aqui no Brasil seria algo incrível. Seria uma foto que seguramente gostaria de ter comigo".

Em contato com o Terra, a assessoria de imprensa do evento informou que não há nada definido quanto à presença do ex-número um do mundo em São Paulo. Ele venceu o torneio em 2002 e 2004, enquanto que Almagro o fez em 2008 e 2011. Em todas essas ocasiões a competição era organizada na Costa do Sauípe, na Bahia, tendo mudado para a capital paulista nesta temporada.

Filosofia e piadas

De qualquer forma, para sonhar com uma foto bonita Nicolás Almagro precisa primeiro superar Filippo Volandri, algo que já fez em seis vezes em nove encontros pela Associação de Tenistas Profissionais (ATP). O último foi na primeira rodada do Torneio de Acapulco, em 2011, quando o espanhol aplicou um duplo 6/2. Mas isso terá pouco a ver com o jogo deste domingo, segundo a análise do ex-top 10.

"As finais são partidas especiais, totalmente diferentes, e há uma frase que tenho gravada que é: "as finais não se jogam, se ganham'", disse ele. Esta não seria a única declaração filosófica do dia - a outra foi: "há uma frase que me disse Juan Carlos: há que ganhar com humildade para perder com respeito".

A referência era a Juan Carlos Ferrero, campeão de Roland Garros em 2003 e tenista eliminado na primeira rodada do Brasil Open pelo argentino Leonardo Mayer. Questionado sobre o autor da primeira frase, Almagro respondeu, rindo: "meu irmão".

O retrospecto do espanhol em decisões de ATP comprova que ele procura seguir à risca os conselhos do irmão. O atleta venceu dez das 14 finais disputadas na carreira, em um aproveitamento de 71%. Não curiosamente, todas foram realizadas no saibro, o piso em que é especialista, assim como acontecerá no caso da 15ª decisão, no Ibirapuera.

"Quando você começa a jogar tênis sonha em ganhar um título da ATP. Eu tenho a sorte de ter dez. No saibro, na quadra rápida, no indoor, no outdoor, no gelo, na água, no oceano, nadando, em um campo de batatas... me dá igual. Ao fim e ao cabo é um título da ATP", afirmou, provocando risos entre os jornalistas no momento em que um deles quis saber o que falta para o tenista desencantar no piso duro: "falta ganhar o primeiro".

Almagro mostrou bom humor também ao confirmar que esperava um adversário cansado para encarar na final deste domingo. "Bom, queria que o ganhador da semifinal de hoje (sábado) saísse cansado para ganhar, porém que esteja cansado hoje e amanhã", apontou, sorrindo. Enquanto ele falava, Volandri e Thomaz Bellucci ainda se enfrentavam no Ibirapuera.

Este pedido tem mais chances de ser atendido do que aquele envolvendo Guga. O italiano precisou de duas horas e 33 minutos até bater Bellucci por 5/7, 6/0 e 6/2. Foram 44 minutos a mais do que o tempo gasto em quadra pelo espanhol diante de Ramos, eliminado por por 6/4 e 7/6 (7-4). Almagro também leva vantagem por ter feito um jogo a menos durante a semana (quatro contra cinco), visto que, sendo um dos quatro melhores cabeças-de-chave no Brasil, recebeu um bye na primeira rodada.

"Me sinto ótimo, embora esteja tão cansado. É minha primeira final desde 2006 e estou tão feliz", confessou após a vitória Volandri, que foi o número 25 do mundo em 2007 e soma dois títulos na carreira em oito decisões. Todas também foram no saibro.

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