"Velhinho", Alessandro admite mágoa com corintianos e remói erros

Alessandro sobe alto para cabecear a bola no treino desta quinta. Foto: Fernando Borges/Terra

Poupado de críticas, Alessandro ganhou apelido de "guerreiro" e comanda reação do Corinthians

Antes e depois do ataque ao ônibus do Corinthians com pedras, grãos de milho, bambus e rojões, no sábado seguinte à eliminação na pré-Libertadores, torcedores organizados gritaram os nomes de poucos jogadores. O lateral direito Alessandro foi um dos poupados da revolta popular. Correspondeu com o gol da vitória no clássico contra o Palmeiras, logo em seguida, porém não conseguiu esquecer o protesto em mais de um mês.

"Eles gritaram o meu nome, mas o meu sentimento foi o mesmo dos atletas que tiveram seus carros quebrados. Até porque, há pouco tempo, o meu nome também tinha sido escrito em algumas faixas com ofensas de que não sei nem o significado até hoje. Fiquei indignado com o que houve e insatisfeito por não ter alcançado meu objetivo na Libertadores", desabafou.

O episódio que magoou Alessandro aconteceu no decorrer do último Campeonato Brasileiro. Em outubro de 2010, um grupo de torcedores estava inconformado com uma sequência de seis jogos sem vitória do Corinthians e levou cartazes para protestar antes de um treinamento. Em uma das faixas, o lateral direito foi contestado da seguinte maneira: "A Fiel repudia esses m... = Souza, Moacir, Alessandro e Danilo, pois são comédias".

Chamado de "guerreiro" por seus companheiros e alguns torcedores, Alessandro conseguiu reconquistar rapidamente o público contrário com a sua dedicação. O motivo para ele ser preservado da ira dos organizados depois da derrota para o colombiano Tolima foi justamente a força de vontade - mesmo sem ter participado da pré-temporada, pois estava com catapora, ele atuou no jogo de volta da pré-Libertadores.

"Só treinei seis dias e fui para o jogo mais importante do ano. Eu não podia ter trabalhado tão pouco para uma partida como aquela", remoeu Alessandro. "Doeu muito sair da Libertadores. Jogamos mal aqui e na Colômbia. Não fizemos por merecer. Além disso, erramos por não ter ficado nas primeiras colocações do Campeonato Brasileiro. Tudo isso mexeu demais com a gente. Os jogadores ficam refletindo até hoje por não termos sequer entrado nessa Libertadores", contou.

Mas Alessandro já tem experiência suficiente para absorver os maus momentos. Aos 32 anos, ele está no Corinthians desde a Série B do Campeonato Brasileiro de 2008 e é um dos líderes do elenco. "Podem me chamar de velho. Estou velhinho, mesmo", sorriu, sem pensar em aposentadoria e muito menos em deixar o Parque São Jorge. "Tenho contrato até dezembro e estou vivendo uma boa fase. Não quero cogitar nada agora. Antigamente, falavam que quem tinha 30 anos estava acabado para o futebol. Isso não existe mais."

Se seguir os exemplos de alguns dos seus ex-companheiros, o lateral direito terá mais duas temporadas como atleta do Corinthians: William e Ronaldo se aposentaram aos 34 anos. Mas Alessandro se cuida para ir além. O "Guerreiro" esconde a calvície ao raspar os cabelos que lhe restam e ainda corre como um novato nos treinos e jogos da equipe de Tite, para não voltar a sofrer com erros e protestos.

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