Sem Beira-Rio, Inter despenca em média de público e contabiliza danos

Passado do Inter no Beira-Rio é glorioso; o presente é sacrificado por um futuro melhor Foto: Vinicius Costa/Preview.com / Gazeta Press

Passado do Inter no Beira-Rio é glorioso; o presente é sacrificado por um futuro melhor

Foi dentro do Estádio Beira-Rio que o Inter conquistou praticamente todos os títulos importantes da sua história.  Diante do seus torcedores o time colorado ganhou os três títulos brasileiros, uma Copa do Brasil, duas Libertadores da América, uma Copa Sul-Americana e duas Recopa Sul-Americanas. Por isso, não é de se estranhar que o clube tem encontrado dificuldades em conseguir vitórias como mandante na Série A do Campeonato Brasileiro. Neste domingo, o desafio é contra o Goiás, às 18h30 (de Brasília), com acompanhamento do Terra.

Atuando no Estádio Centenário de Caxias do Sul e Estádio do Vale em Novo Hamburgo, o Internacional tem apenas o nono melhor aproveitamento como anfitrião (11º em pontos). Como visitante, o time colorado é o quarto melhor em aproveitamento, terceiro em pontos. A divisão de pontos é a mesma: 11 conquistados dentro e 11 fora, com a resssalva de que realizou dois jogos a menos como visitante. No geral, o time é o oitavo colocado, com uma partida a menos a realizar, contra o Santos, no Estádio do Vale.

Inter como mandante na Série A
11 pontos (61,11% de aproveitamento)

A sensação de que com o Beira-Rio a situação poderia estar melhor decorre da mística em torno do local. O estádio quase sempre foi determinante para que o Inter conseguisse reverter situações complicadas, tanto que o ex-presidente Fernando Carvalho costumava falar que o torcedor, quando comparecia em bom número, fazia o Beira-Rio rugir ajudando os jogadores a superar adversários quase que impossíveis de serem batidos.

Devido à reforma do Estádio Beira-Rio para a Copa do Mundo de 2014, o time colorado tem enfrentado durante o ano o desafio de atuar longe da sua casa e perambular pelos estádios do Rio Grande do Sul. Contando a Copa do Brasil e o Campeonato Gaúcho, o time colorado já atuou em seis cidades diferentes para mandar os seus jogos, o que além de trazer um prejuízo técnico para o time, também traz despesas para os cofres do clube.

Nas bilheterias, a queda fica clara ao constatar que o clube até agora não levou mais de 10 mil pessoas a um jogo da Série A como mandante. A média de 6.759 só não é pior do que a de Ponte Preta e Portuguesa. Em 2011, quando fez uma boa campanha e terminou na quinta colocação, o Internacional colocou 18.188 pessoas por jogo no Beira-Rio, a quinta melhor média daquela edição. Em 2012, o clube fez uma campanha regular e, com o Beira-Rio com a capacidade reduzida pelas obras, o número caiu para 9.270 por partida. Desde 2006, a média colorada, alavancada pelo sucesso do programa sócio-torcedor, sempre foi maior do que 15 mil.

O impacto financeiro também é sentido nas despesas extras por não jogar em seu estádio. “O clube gasta em média com funcionários e aluguel de estádio uns R$ 30 mil reais por partida realizada como mandante”, destacou José Amarante, vice-presidente de administração do Inter.

Só no Campeonato Gaúcho o Inter atuou como mandante em 12 partidas e gastou no total R$ 360 mil reais. Projetando o Campeonato Brasileiro, no qual o Inter vai atuar como mandante em 19 jogos, e na Copa do Brasil, em que se chegar até a final serão sete jogos, o clube vai gastar em média R$ 1,1 milhão até o final do ano.

“Tem a curiosidade de que o Inter foi o primeiro campeão gaúcho sem ter jogado uma única partida dentro de casa”, brincou José Amarante com o fato do Inter ganhar o título gaúcho deste ano sem ter atuado no Beira-Rio.

Sócios fiéis

Por presença na Copa do Mundo de 2014, Beira-Rio está fechado desde o final de 2012 Foto: AG / Divulgação

Por presença na Copa do Mundo de 2014, Beira-Rio está fechado desde o final de 2012

Outra situação que preocupava a direção colorada neste ano era a influência em que o fechamento do Beira-Rio teria número de sócios. Porém, até o momento a avaliação é bem positiva.

"Mesmo sem poder jogar no Beira-Rio, o número de sócios se manteve na casa do 103 mil. Nós acreditamos que o principal fator é pelo novo estádio que será utilizado em 2014. Se o sócio deixar de pagar e ficar inadimplente por um ano ele acaba sendo desligado do clube e perde também o direito de participar a vida política do Inter", disse Régis Shiba, diretor de administração do Inter.

Com o novo Beira-Rio, que será entregue no final do ano, a direção colorada já projeta um aumento no quadro social do clube. “Com o novo Beira-Rio funcionando normalmente em 2014 nós estamos projetando um número de 150 mil sócios até o final de 2014. Vale destacar que por ter jogado em Caxias do Sul o número de sócios na serra aumentou em 10%”, destacou Régis Schiba.

Na estrada

Para os jogadores, o desgaste maior de atuar longe do Beira-Rio está no fato de que em praticamente todos os jogos do ano foi necessário viajar. Em relação a Porto Alegre, Caxias do Sul fica a 130 km de distância. Isso explica a preferência nos últimos jogos por Novo Hamburgo, cidade da região metropolitana da capital gaúcha com um estádio de capacidade menor do que na Serra Gaúcha (20 mil contra 15 mil).

A ausência do Beira-Rio para o time é como correr uma prova de atletismo com uma bola de ferro amarrada no pé. É difícil, mas a gente tem que superar

A média de público no Estádio Centenário, em Caxias Do Sul, era de 11 mil torcedores por jogo (contando o Campeonato Gaúcho). Em novo Hamburgo, nos dois jogos em que atuou neste Brasileiro, a média ficou próxima de 10 mil torcedores. Neste ano, o Inter só atuou em duas oportunidades na cidade de Porto Alegre: no Estádio Paso D'Areia,contra o São José, pelo Gaúcho, e na Arena do Grêmio, no Gre-Nal do primeiro turno do Brasileiro.

“Sempre entendemos que Novo Hamburgo é um recurso, assim como Caxias , que pode ser utilizado conforme as necessidades da partida. Nós sabemos bem o que estamos passando neste ano. Em Caxias o comportamento do torcedor é um, em Novo Hamburgo é outro e nós temos que acostumar. Mesmo com estas dificuldades a campanha do Inter é boa, estamos com um jogo a menos e a sete pontos do líder”, destacou o diretor de futebol Luiz César Souto de Moura.

Apesar dos números apenas regulares em casa no Campeonato Brasileiro, a diretoria do Inter acredita que tem conseguido amenizar esportivamente o impacto da ausência do Beira-Rio. Existia no começo do ano o temor de que o clube repetisse Atlético-MG e Cruzeiro, que sofreram até se acostumar à vida sem Mineirão, fechado para reformas por mais de dois anos. 

​“A ausência do Beira-Rio este ano é um fato muito relevante. Nós começamos o ano e todos falavam dor risco cair para a segunda divisão por não ter estádio. A imprensa lembrava o que aconteceu com os mineiros por não ter o Mineirão (Cruzeiro e Atlético-MG mandavam os seus jogos em Sete Lagoas, cidade próxima a Belo Horizonte). Para superar tudo isto nós montamos uma comissão técnica forte e um excelente grupo de jogadores que tem qualidade e quantidade para suprir as dificuldades que iriamos enfrentar este ano por não poder atuar no Beira-Rio”, destacou Luiz César.

Mas o saudosismo persiste. Para resumir a ausência que faz o Estádio Beira-Rio para o time colorado, o diretor de futebol do Inter utiliza o seguinte exemplo: “a ausência do Beira-Rio para o time este ano é como se você for correr uma prova de atletismo com uma bola de ferro amarrada no pé. É difícil, mas a gente tem que superar”.

Terra

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