CBF se exime por debandada de talentos para exterior

Desta vez, a destruição dos elencos nacionais não esperou nem o meio do Brasileiro: ocorreu antes por conta das mudanças do calendário. E não foi suave. Jogadores-chave como Bernard, Wellington Nem, Thiago Neves, Paulinho e Vitinho, além da maior estrela do país Neymar, foram para o exterior. A diretoria da CBF se exime de qualquer responsabilidade por essa verdadeira debandada que enfraqueceu o campeonato local.

Até este sábado, último dia para saída dos atletas, 30 jogadores das equipes da Série A tinham ido embora para clubes estrangeiros, segundo levantamento feito pelo blog. Claro, havia aqueles que eram pouco aproveitados, mas é considerável a presença de estrelas de seus times na lista.

Pelo levantamento, 15 das equipes na Série A foram afetadas por perdas para o exterior. Com exceção do Atlético-PR, todos os times que disputam na ponta da tabela tiveram jogadores transferidos para fora do país. Talvez, o maior exemplo de desfalque seja o Botafogo com as saídas de Vitinho, Andrezinho, Fellype Gabriel, Henrique e Jádson. A CBF entende não ter nenhuma responsabilidade nessa saída em massa de valores, boa parte deles bem jovens.

“A CBF não tem como inteferir. Não tem nada para fazer se o time quer negociar o jogador”, afirmou o presidente da confederação, José Maria Marin ao blog, na última sexta-feira. Ele repetiu duas vezes essa resposta ao ser questionado se era favorável à saída de atletas brasileiros e se não estava preocupado com o enfraquecimento do Brasileiro.

Um pouco antes, em seminário, ele defendeu que era uma demonstração do respeito ao futebol nacional o fato de Bernard ter sido vendido ao Shaktar Donetski por milhões. Ressalte-se que não lembrou do nome do atleticano, mas mencionou o atleta que jogou pouco tempo pela seleção antes de sair.

A argumentação de Marin é similar a do antecessor Ricardo Teixeira, que ao menos criou a janela de transferência para regular as saídas. De fato, a CBF não pode impedir transferências. Mas, em outros países, a confederação nacional se esforça para fortalecer a liga local, o que mantém talentos.

Na Alemanha, foi a DFB que iniciou o processo de impor regras às divisões de base e regulamentos sobre saúde financeira dos clubes. Aumentou a produção de talentos e a maior parte da seleção alemã atua dentro do país. Na Inglaterra, a federação liberou a liga de clubes que se tornou a mais forte e rica do mundo, o que a tornou importadora e não exportadora.

No seminário, Marin foi provocado pelo ex-jogador Raí a se comprometer com regras pela melhoria das divisões de base nos times nacionais. Também lhe foi pedido uma garantia da criação de uma comissão de atletas da CBF para fazer propostas para a gestão. Escapou de ambos os questionamentos sem dar um sim a nenhuma deles.

UOL Esporte

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