Tenista brasileiro deixa projeto olímpico e volta a defender Suécia

O tênis brasileiro tem uma promessa a menos defendendo suas cores no circuito profissional. O carioca Christian Lindell, 20 anos e número 433 do mundo, voltou a defender a Suécia. A informação foi confirmada ao Terra por Paulo Moriguti, gerente de alto rendimento da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

Segundo Moriguti, Lindell já deixou há cerca de um mês o Projeto Olímpico Rio-2016 da Confederação Brasileira de Tênis, que conta com o apoio de Gustavo Kuerten e a coordenação do técnico Larri Passos. A iniciativa, lançada em 2011, selecionou 15 atletas para fazer parte do convênio, que utiliza um aporte financeiro de R$ 2 milhões dado pelo Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para trabalhar na evolução dos tenistas.

Depois da decisão, tomada porque o tenista não quis cumprir um acordo com a CBT, ele voltou a atuar oficialmente pela Suécia. Essa informação ganhou destaque nesta quinta-feira, quando um comentarista sueco do canal Eurosport postou a seguinte mensagem no Twitter: "notícias... fantástico. Christian Lindell de volta como sueco!!!!".

O site da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) já traz a mudança de nacionalidade do jogador, que atualmente está disputando futures (torneios de terceiro escalão no circuito profissional, atrás dos challengers e dos ATPs) no Brasil.

Lindell, filho de pai sueco com mãe brasileira, defendeu o país europeu por quatro anos até fevereiro de 2012. Nesse período, ele ainda morava no Rio de Janeiro, mas passava cerca de três meses por temporada treinando na Suécia, onde desfrutava de apoio e estrutura da federação local.

Após um período de indefinição, Lindell chegou a um acordo com a CBT em fevereiro, passando a integrar o Projeto Olímpico Rio-2016, porém não cumpriu com o que havia se compromissado, segundo Paulo Moriguti.

"Não foi um problema diretamente de indisciplina, não chegou a ofender ninguém. Ele fazia parte do Projeto Rio 2016, nossa comissão técnica tinha orientado que ele seguisse para o centro de treinamento (de Itamirim) de Santa Catarina, e ele disse que não se mudaria. Era a condição que a gente impôs para fazer um bom trabalho e melhorar o rendimento dele", explica.

De acordo com Moriguti, ao final Lindell passou menos de um mês trabalhando no CT em questão, localizado em Itajaí, sob a orientação de Patrício Arnaud, diretor de alto rendimento da CBT, e do ex-tenista e atualmente técnico do centro, Marcos Daniel.

De acordo com o dirigente da CBT, após participar em fevereiro do ATP 250 de São Paulo, do Challenger de Florianópolis e do Future de Itajaí com o acompanhamento dos dois profissionais, o tenista telefonou solicitando passagens aéreas para viajar à Turquia, onde participaria de futures, cumprindo segundo o atleta um planejamento que ele já havia determinado com um treinador sueco.

"Ele queria passagem sem acompanhamento técnico (da CBT). Existe um calendário aprovado, não é chegar e vai, ele queria tomar as rédeas. Somos cobrados por resultados e temos prestação de contas", diz Moriguti. Após oo episódio, na volta ao Brasil, o dirigente recebeu uma ligação do pai de Lindell dizendo que o atleta não queria se mudar para Itajaí.

A partir daí veio o corte do projeto e, como consequência, a nova mudança de nacionalidade. Em 6 de fevereiro, o jovem havia utilizado o Twitter para anunciar que voltaria a defender as cores verde e amarela: "foi uma decisão muito difícil a ser tomada, mas estou muito feliz em poder voltar a defender o Brasil, o País onde moro e minha familia vive. Me sinto muito mais brasileiro", disse ele, que desde então não tinha se manifestado na rede social informando sobre a mais recente alteração.

Relembrando aquele anúncio, Moriguti admite que talvez Lindell tenha se "precipitado em anunciar a mudança sem experimentar" o treinamento em Itajaí. "Ele tem família lá (no Rio de Janeiro), a gente entende, eu ainda falei: 'quer ser atleta profissional não dá para abrir mão desse esforço, você não vai deixar de visitar o Rio'. Mas isso acaba pesando", afirma o dirigente.

De novo sueco, Lindell teve como melhor ranking na ATP a 288ª posição em julho de 2011. Nos períodos longe da Suécia, ele costumava treinar no CT de Ricardo Accioly, ex-capitão do Brasil na Copa Davis, mas, segundo Moriguti, não era acompanhado pelo técnico (o mesmo de João "Feijão" Souza) no circuito, viajando "sozinho".

Terra

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