"Apitaço", agonia e frustração marcam noite no Palestra

Antes dos palmeirenses entrarem no estádio, a euforia era grande. Cones viraram tambor e gritos de guerra eram cantados por centenas de torcedores na rua Turiassu, em frente à entrada principal do Estádio Palestra Itália. Pais e filhos, casal de namorados, membros de torcidas organizadas, todos se preparavam para a partida decisiva com o Sport.

Dentro do estádio, a visão não era diferente. Ao entrar no gramado, a equipe do Palmeiras foi saudada com vários fogos de artifício e por uma massa de mais de 20 mil torcedores que não parava de cantar o hino do clube. Aos poucos, cada jogador tinha seu nome gritado pelos fanáticos alviverdes. Marcos, Pierre, Diego Souza e Keirrison contavam com um entusiasmo maior nos berros saídos das gargantas dos torcedores.

O juiz deu o apito inicial e o que se escutava a cada toque do time pernambucano na bola era uma centena de apitos sem parar no Palestra Itália. Depois de ouvirem na semana passada inteira sobre a temida Ilha do Retiro, a chamada "La Bombonera pernambucana", os palmeirenses resolveram dar o troco e não pararam com o barulho ensurdecedor por um minuto sequer.

Quando o Palmeiras atacava, os apitos eram deixados de lado e o que se escutava eram músicas de incentivo como "Vamos ganhar 'porco'" e outras canções que traziam letras como "Libertadores é obsessão". Cada bola tirada por Maurício Ramos e Danilo era comemorada como se fosse um gol. O espírito guerreiro da Libertadores falava alto nas arquibancadas.

Animada pelo incentivo que vinha de fora, a equipe do Palmeiras pressionava o Sport e precisou de apenas 14 minutos para abrir o placar. O pênalti polêmico cometido por César causou euforia e apreensão.

"Vai Keirrison, mais um", "Não perde esse K-9". Essas eram algumas das poucas frases que os palmeirenses conseguiam falar antes da cobrança. Depois de muita demora, o artilheiro alviverde estufou as redes e fez o chão do Palestra Itália tremer.

Depois do gol, voltaram os apitos e as vaias a cada ataque do Sport. Paulo Baier, ex-jogador palmeirense, foi a vítima principal dos fãs alviverdes. O jogo transcorria normalmente, o Sport pouco atacava. Até que chegou o 45º minuto do primeiro tempo. Minuto crucial da partida. Depois de um bate-rebate na área palmeirense, Wilson marcou e a alegria deu espaço para a frustração no estádio. Muitos nem viram a expulsão do atacante do Sport ao comemorar o gol.

O sentimento de frustração com o gol rival seguiu no início morno do segundo tempo. Aos poucos a frustração foi sendo deixada de lado e a agonia começou a tomar conta dos palmeirenses. Cada bola perdida pelo ataque fazia os torcedores passarem a mão na cabeça ou roer as unhas.

Os palmeirenses sabiam que aquela partida era crucial para as pretensões da equipe na competição sul-americana, para a classificação para as oitavas-de-final. Isso aumentava ainda mais o desespero alviverde.

Em campo, a equipe seguia tentando. Em lance incrível, o goleiro Magrão salvou chutes de Diego Souza e Danilo e deixou preso na garganta o grito de gol dos palmeirenses. O tempo foi passando, passando, e os torcedores ainda buscavam do lado de fora fazer com que a equipe tivesse um gás extra no gramado. Mas o árbitro apitou o final do jogo.

Os alviverdes aplaudiram o empenho da equipe, mas não perdoaram um jogador em especial: Keirrison. Se antes da partida o goleador teve seu nome gritado com entusiasmo pelos torcedores, após os 90 minutos viu seu mundo girar, sendo acusado de fugir das divididas e de que já está com a cabeça em uma possível transferência para o futebol europeu.

Frustrados, o que restou aos palmeirenses foi seguir em silêncio para casa com o decepcionante empate, escutando a festa dos poucos torcedores do Sport, espremidos em um canto do Palestra Itália.

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