Yamaguchi evita lamentar derrota: "deixo o ringue feliz"

Brasileiro ficou satisfeito com sua campanha nos Jogos de Londres. Foto: Reuters

Brasileiro ficou satisfeito com sua campanha nos Jogos de Londres

O boxeador brasileiro Yamaguchi Falcão, 24 anos, perdeu para o adversário da Rússia na categoria meio-pesado (-81 kg), Egor Mekhontcev, em luta realizada nesta sexta-feira, e está fora da final da Olimpíada de Londres. Mesmo assim, ao deixar o ringue, sua postura era a de um vencedor: com a cabeça erguida, ele agradeceu a torcida do Brasil e disse que deixa a competição feliz com o próprio desempenho, afinal, apesar da derrota, sua trajetória nos Jogos Olímpicos foi exemplar e lhe garantiu que conquistasse uma medalha de bronze.

"Eu desci do ringue feliz, sabendo que vim preparado para competir, e porque consegui conquistar uma medalha. Estou saindo daqui com uma medalha, isso prova que eu também estou entre os melhores do mundo. E quando saiu o sorteio, eu vou ser sincero com vocês, eu caí numa chave muito difícil, eu pensei que nem com o bronze eu sairia daqui. Mas a minha força de vontade, a minha garra pra ganhar, eu orei muito, eu pedi a Deus, e venci cada luta. Estou muito contente com a minha medalha", disse o lutador.

Até 2010, Yamaguchi lutava na mesma categoria que o irmão Esquiva Falcão (até 75 kg), que nesta sexta-feira conseguiu se classificar para a final do peso médio (-75 kg) e vai disputar uma medalha de ouro com o japonês Ryota Murata. O boxeador não estava entre os favoritos para subir ao pódio, e seu desempenho no ringue foi uma das grandes revelações desta Olimpíada. Para chegar à semifinal, ele teve de vencer alguns dos melhores de sua categoria, como o cubano Julio La Cruz Peraza, atual campeão mundial e medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara (2011), o que faz com que sua medalha de bronze tivesse "gosto de ouro".

"Eu vim para os jogos olímpicos preparado para o cubano o tempo todo. Eu queria tirar essa pedra do meu caminho. E graças a Deus, consegui a medalha de bronze em cima de Cuba. E a gente tem que saber perder também. Eu saí com um bronze dos Jogos Olímpicos, nessa categoria de 81 kg que eu estou sofrendo para manter o peso. Então estou muito contente com a minha medalha, que é de bronze, mas tem gosto de ouro", repetiu Yamaguchi, que perdeu para o russo por 23 a 11 e admitiu que o rival estava "melhor preparado".

Agora, o foco do boxeador é torcer para que o irmão mais novo conquiste uma medalha de ouro neste sábado e entre para a história do boxe masculino brasileiro - o País nunca chegou a uma final olímpica.

"Eu acho que o Esquiva certamente vai conseguir a medalha de ouro. Estou torcendo muito por ele. Eu não pude botar a medalha de ouro no pescoço do meu pai, mas botei a de bronze. E o Esquiva está muito bem na competição. Então tudo indica que ele vai trazer essa medalha de ouro, porque ele merece, ele é um campeão, dedicado, ele merece mesmo", disse Yamaguchi, em tom orgulhoso.

"Eu não me sinto culpado de nada, de ter subido de categoria. Meu irmão está representando muito bem a categoria, e o meu pai realizou um sonho de ver os dois filhos nos Jogos Olímpicos em duas categorias, e agora com duas medalhas", continuou.

Antes de Esquiva e Yamaguchi Falcão, o único boxeador brasileiro a subir a um pódio olímpico foi Servílio de Oliveira, em 1968, que acabou eliminado na semifinal pelo mexicano Ricardo Delgado e ficou com o bronze. A outra medalha nacional na modalidade também se confirmou após a queda na semifinal: em Londres, Adriana Araújo caiu diante da russa Sofya Ochigava e subiu no lugar mais baixo do pódio.

Terra

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