Federer pede mais exames antidoping, Djokovic defende sistema atual no tênis

O tenista suíço Roger Federer declarou nesta sexta-feira que está surpreso com os poucos testes antidoping no tênis, enquanto Novak Djokovic e Rafael Nadal apresentaram visões diferentes, considerando que o esporte não sofra deste problema como outros.

O tema dominou as coletivas de imprensa prévias ao ATP Finals de Londres, que começa neste domingo, por conta do escândalo do atletismo russo, que poderia ser banido dos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

Para Federer, de 34 anos, "quando você chega às quartas de final de qualquer torneio, e a premiação aumenta, e a pontuação em jogo aumenta, você teria que ser submetido a testes" para detectar substâncias ilegais.

"Sempre me surpreende ganhar um torneio, sair de quadra e não ter alguém para fazer o teste. Não deveria ter alguém do antidoping ali testando os dois finalistas?", perguntou a lenda viva do tênis, que é recordista de títulos em Grand Slams (17).

O suíço, atual número 3 do mundo, afirmou ter passado por cinco teste este ano, todos fora de competição, e pediu mais recursos.

"Os jogadores precisam sentir que serão testados, assim se afastarão de qualquer ideia estúpida que possam ter", concluiu.

Por outro lado, o número 1 do mundo, o sérvio Novak Djokovic, maior nome do tênis na atualidade, comemorou a suposta integridade do esporte.

"No tênis, estamos indo muito bem. Não tivemos muitos escândalos, principalmente no alto nível. Você passa por muitos testes ao longo do ano de competição, e fora também", declarou o sérvio.

"Não sei quantas vezes fui testado este ano, vieram até minha casa três ou quatro vezes e, durante as competições, na maioria dos torneios, particularmente os grandes, vocês passa por testes", continuou Djoko, aparentemente contradizendo Federer.

Os tenistas precisam informar todos os dias onde estão, caso a Federação Internacional de Tênis quiser realizar testes surpresas.

"Sempre estou disponível", completou Djokovic, "sabem onde estou, não me escondo, sou a favor de que sejam feitos todos os testes possíveis", garantiu.

'Armstrong também era testado'O tênis sofreu com alguns casos de doping. A lenda americana André Agassi revelou em sua autobiografia que chegou a consumir metanfetaminas. Dois finalistas argentinos de Roland Garros, Guillermo Coria e Mariano Puerta, foram suspensos por consumo de nandrolona e clenbuterol, respectivamente.

Mais recentemente, o sérvio Victor Troicki foi suspenso por um ano e meio por não comparecer a um exame antidoping.

O espanhol Rafael Nadal, número 5 do mundo, afirmou não acreditar ter enfrentado um jogador dopado e, assim como Djokovic, afirmou que "o programa antidoping do tênis funciona bem".

O espanhol pediu, porém, que os resultados dos testes se tornem públicos para que não haver dúvidas. Nadal afirmou não saber por quantos testes passou na temporada.

O britânico Andy Murray, vice-líder do ranking e finalista da Copa Davis, se mostrou cético com a ideia de que é possível encontrar todos os trapaceiros.

"Não tenho ideia de como seria um sistema perfeito. Me testaram mais nesta temporada que na última, mas Lance Armstrong repetiu durante anos que era o ciclista mais controlado, então isso não garante muita coisa", lembrou o britânico, referindo-se ao escândalo do ciclista americano que caiu em desgraça depois de admitir ter usado de substâncias ilegais.

De qualquer maneira, "quanto mais transparente for o tênis, melhor", continuou, concordando com Federer na necessidade de se investir mais na luta antidoping. "Espero que o tênis siga tão limpo quanto seja possível", concluiu Murray.

UOL Esporte

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