Ida à galera, celular fajuto e loucura; veja "dia de adolescente" de Tite

Teve de tudo a noite heroica do Corinthians no Pacaembu contra o Vasco. Foto: Ricardo Matsukawa/Terra

Teve de tudo a noite heroica do Corinthians no Pacaembu contra o Vasco

Imagine reviver um típico dia de adolescente assim, já na vida adulta, beirando os 51 anos, lá com seus cabelos brancos e experiência de sobra nas costas. Aí você se manda para a arquibancada de um jogo de futebol, se junta a um "bando de loucos" e vê seu time vencer heroicamente com um gol nos minutos finais e se classificar às semifinais de um torneio importante? Foi exatamente assim que se sentiu o técnico Tite nesta quarta-feira, durante emocionante vitória do Corinthians por 1 a 0 contra o Vasco, pela Copa Libertadores.

"Hoje vivi o outro lado, pude remeter ao lado de adolescente que vai a campo, assiste e vibra junto, participa junto. Mas eu não deveria estar ali, tenho essa consciência, vou procurar não falar mais com o árbitro. Me trouxe responsabilidade grande, talvez fossemos merecedores", disse o treinador corintiano, que recebeu cartão vermelho e teve que ver a partida da plateia.

Expulso aos 11min do confronto por reclamação com o árbitro, o treinador se viu sem alternativa senão a de se mandar às arquibancadas para acompanhar o restante do duelo. Desesperado, já que o até então empate sem gols levava a decisão para os pênaltis, o comandante passou a usar de artimanhas inusitadas para conseguir instruir sua equipe rumo a um triunfo inabalável.

Teve de tudo na "saga" de Tite pelas arquibancadas do Pacaembu. Gandula como pombo-correio - o técnico mandava um dos pegadores de bola ir chamar os jogadores com quem gostaria de conversar -, gerente de futebol atuando como segurança - era Edu Gaspar, que ficou ao lado do técnico -, jogador escalando o alambrado para comemorar com ele - era Paulinho, o herói da noite - e até um torcedor querendo dar um "celular fajuto" para auxiliá-lo.

"Um torcedor me deu o celular, e eu achei que era para tentar ligar para o pessoal do banco. Eu peguei o celular, comecei a falar e ele disse: 'não, só estou marcando o tempo de jogo para você'. Não dava nem para falar naquilo direito", declarou Tite, já tranquilo e acomodado em sua poltrona de onde geralmente concede entrevista no Pacaembu.

Instalado em uma das grades do setor das numeradas do Pacaembu após a expulsão, Tite foi rodeado por torcedores e passou a comandar a equipe dali mesmo. Mandou chamar Willian, que queria na vaga de Jorge Henrique, e Liedson, que mandou substituir Emerson. Conversou olhos nos olhos com ambos, disse o que queria e seguiu ali, em meio aos corintianos.

"Chamei ali do lado e falei: Willian, o corredor direito bem aberto porque daqui a pouco você participa menos, mas vai ser mais efetivo. A engrenagem da equipe se manteve, e em momentos de pressão você repete aquilo que treinou, aquilo que joga, e aí vai. Eu só olhava para o olho do Willian e do Liedson, aí eles balançavam a cabeça dizendo que entenderam. Fui na grade e nos falamos, foi como deu", relembrou o treinador.

Após 87 minutos de tensão no Pacaembu, eis que Tite pode enfim explodir em alegria com um grito de gol. Era de Paulinho, o da classificação corintiana nos instantes finais. Como um adolescente, o treinador se misturou aos demais 35.974 pagantes nas arquibancadas do Pacaembu e festejou. Abraçou, pulou, cantou, gritou. Parecia mais um "louco do bando", ou só mais um singelo torcedor no Pacaembu. Parecia até um menino... Simplesmente corintiano.

Terra

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