Protagonistas do Brasil em 2011, Vasco e Corinthians miram América

Rivais na briga pelo Campeonato Brasileiro em 2011, times buscam melhor campanha do século. Foto: Léo Pinheiro/Terra

Rivais na briga pelo Campeonato Brasileiro em 2011, times buscam melhor campanha do século

Os jornalistas ainda arrumavam espaço dentro da sala de imprensa do Vasco, na última terça-feira, quando o atacante Alecsandro, o segundo entrevistado do dia, entrou, arregalou os olhos e constatou o óbvio: "casa cheia, hein? Vai ter jogo importante". Mais do que valer vaga nas semifinais da Copa Libertadores da América 2012, fase que ambas as equipes ainda não atingiram neste século, Vasco e Corinthians iniciam na noite desta quarta-feira, a partir das 22h, em São Januário, um duelo tira-teima.

Campeão da Copa do Brasil no ano passado, o time carioca fez exatamente o contrário dos clubes que "salvam o ano" já no primeiro semestre: disputou ponto a ponto com os paulistas o troféu do Campeonato Brasileiro - que somente na última rodada ficou com os comandados do técnico Tite, que se sagrou pentacampeão nacional com apenas dois pontos à frente na tabela de classificação.

"A gente não pode ficar pensando nessas coisas que passaram", despista Alecsandro, em costumeira declaração antipolêmica. Mas bastou a próxima pergunta para ele confessar que os duelos do Brasileiro do ano passado, quando o Corinthians venceu em São Paulo, de virada, por 2 a 1, e arrancou um empate em São Januário, por 2 a 2, ainda incomodam o elenco cruzmaltino.

"A gente não perdeu (o Brasileiro) para o Corinthians, perdeu em alguns jogos que acabamos não pontuando. Claro que o jogo direto pesou um pouco, mas agora é diferente, é uma Libertadores, é uma competição que todo mundo quer ganhar, e vamos enfrentar o Corinthians de hoje e não do ano passado. Tudo será diferente", afirmou.

As equipes já se enfrentaram três vezes em competições internacionais, e o time paulista leva ampla vantagem nesse retrospecto. No primeiro jogo, pelo Campeonato Mundial de Clubes organizado pela Fifa, em 2000, empate por 0 a 0, com o Corinthians levando a taça após disputa por pênaltis. Em 2006, pela Copa Sul-Americana, duas vitórias do clube paulista, que eliminou a equipe cruzmaltina.

Essa escrita restrita a três jogos é minimizada por jogadores e dirigentes corintianos. O meia Alex ressalta que atuais equipes de Vasco e Corinthians são bem diferentes das que entraram em campo nos confrontos anteriores. "Essa coisa de retrospecto pode ser legal, mas não significa nada na prática. O negócio é entrar em campo e jogar bola", argumenta.

O gerente de futebol corintiano, Edu Gaspar, lembra que foram poucas disputas em competições internacionais. Ele preferiu ressaltar o histórico recente de disputas entre Corinthians e Vasco. "Há um histórico recente bacana, o próprio Mundial de Clubes, o Brasileiro do ano passado, em que as equipes sempre disputaram a liderança. É bonito, e cada vez mais vai ficando mais bonito jogar contra o Vasco", afirma.

Para enriquecer o tira-teima, Vasco e Corinthians promovem ainda a partir desta quarta-feira um duelo particular entre a "fortaleza paulista" e a "colina goleadora". Em oito jogos no torneio, o Corinthians marcou 16 gols e sofreu apenas dois. Mesmo com o goleiro Júlio César sendo sacado às vésperas das oitavas de final por falhas no Campeonato Paulista, o reserva Cássio deu conta do recado com atuações seguras contra o Emelec, do Equador, auxiliado por uma defesa sólida e que joga junto há bastante tempo.

"É um dado que não dá para ignorar", confessa Alecsandro. "É uma equipe fortíssima por causa disso. Um sistema defensivo muito eficiente, e jogando aqui (em São Januário) isso fica muito perigoso se você não tiver um controle dessa ansiedade (do time e da torcida)", reconhece o técnico Cristovão Borges.

Mas se a defesa corintiana é sólida, o que falar do ataque vascaíno? Sempre que entrou em campo na competição sul-americana, em nenhuma partida sequer o Vasco saiu sem balançar as redes: são 13 gols marcados nas mesmas oito partidas. Enquanto isso, em duas partidas importantes que realizou fora de seus domínios, o Corinthians não passou de um empate sem gols: contra o Cruz Azul, no México, na fase de classificação, e no Equador, diante do Emelec, na primeira partida das oitavas de final.

Quem passar de Corinthians e Vasco terá pela frente outro duelo decisivo em busca da tão sonhada vaga na final da Libertadores: Santos e Velez Sarsfield, da Argentina, iniciam nesta quinta-feira o confronto. Rivalidade parecida com a existente entre paulistas e cariocas. Mais do que nunca, em se tratando de tira-teima, vale o chavão dos detalhes que vão decidir duas partidas que prometem ser bastante equilibradas.

"Nesse momento a forma de disputa faz com que exista esse equilíbrio. As equipes se equivalem, estão em bons momentos. Não tem muito como surpreender, porque um vê o outro o ano inteiro, já vem assim desde o ano passado. O Corinthians, assim como o Vasco, tem 80% da mesma equipe (do ano passado), com poucas modificações. Vai depender do estado de alguns jogadores, quem estiver inspirado pode fazer a diferença", avalia o técnico Cristóvão Borges.

"Serão dois jogos dificílimos, assim como os últimos confrontos. O Vasco é uma equipe entrosada e com jogadores talentosos, e a disputa deverá ser muito equilibrada", completou.

Terra

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