Agentes faturam US$ 500 milhões em comissões em 2021, e Fifa não esconde preocupação

(Foto: AFP)


A Fifa publicou nesta quarta-feira um relatório de seu sistema de transferências (TMS, na sigla em inglês) que mostra que intermediários de jogadores faturaram US$ 500,8 milhões (R$ 2,86 bilhões, na cotação atual) em comissões durante 2021.

O número significa uma alta sensível em relação a 2020 (US$ 497,5 milhões), quando foi registrada uma grande queda na comparação com o ano anterior (US$ 654, 7 milhões) por causa da pandemia do coronavírus. Mas ainda assim é considerado muito alto pela entidade, que desde 2017 planeja ações para regulamentar a atividade.

Uma nova plataforma para transferências internacionais deve ser lançada em 2022, com maior transparência. Atualmente, não há limite de comissões para os empresários. Mas, desde 2015 quando a Fifa proibiu a participação de terceiros em direitos econômicos dos jogadores, a fatia dos agentes mais que dobrou.

A entidade recomenda que a comissão seja no máximo 3% em relação ao valor total do negócio. Mas a realidade é que, na elite, os montantes são bem maiores. A intenção da Fifa é tornar oficial um limite de 6%, segundo a imprensa europeia.

– Queremos mais transparência, por isso o relatório existe. Também estamos tornando públicos decisões de nossos Comitê de Disciplina, de doping... não é sobre agentes. Agentes são parte do sistema – disse ao ge, o diretor jurídico da Fifa, o espanhol Emilio García.

“Não é anormal que a gente torne mais transparente as atividades deles. Os agentes têm que ser pagos. Mas não é normal que eles ganhem mais do que os clubes formadores”, declarou Emilio.

O português Luis Villas-Boas Pires, diretor do departamento da Fifa que coordena a atividade dos empresários no futebol, também deixou claro que as comissões fugiram do controle.

“O problema é quando os agentes recebem mais do que o salário dos jogadores que eles representam, e isso acontece em alguns casos”, afirmou.

Qualquer decisão da Fifa que limite os ganhos dos empresários promete gerar respostas. A discussão sobre esse controle existe há quatro anos, e desde então associações que representam os agentes deixaram claro que irão à Justiça.

Europa domina

De acordo com a Fifa, foram feitas 17.945 transferências internacionais de jogadores, e quase 20% delas (3.545) envolveram pelo menos um intermediário – ou representando o jogador ou representando um dos dois clubes participantes no negócio.

As transferências que envolvem equipes da Europa representa incríveis 95,8% dos mais de U$ 500 milhões gastos em comissões. Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha, França e Portugal são responsáveis por 77% do total. O Brasil fica na nona posição dos países que mais gastam com as comissões dos empresários (veja nos gráficos abaixo).

Globo Esporte

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