Salários, SAF, diretor e dívida na Fifa: permanência de Luxemburgo no Cruzeiro depende de situações

(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)


Cruzeiro e Vanderlei Luxemburgo têm definições importantes ao fim de 2021. Dentro de campo, o treinador precisa trabalhar para garantir o Cruzeiro na Série B. Fora dele, a diretoria celeste e o comandante precisam acertar a renovação do contrato para a próxima temporada. Apesar de declarações públicas de interesse, nada foi assinado e a situação depende de definições importantes.

Após o empate do Cruzeiro diante do Vila Nova, Luxa falou novamente em público que deseja seguir no comando da equipe em 2022. O presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, também comentou que quer o treinador na Toca da Raposa. Então, o que falta para a definição?

Situação Salarial

Luxemburgo já afirmou, por diversas vezes, que uma das condições para treinar e permanecer como comandante no Cruzeiro é que os salários fiquem em dia. Recentemente, o Cruzeiro passou por greve dos jogadores profissionais, que expuseram atrasos em diversos setores do clube.

Luxemburgo apoiou publicamente a greve dos jogadores e elogiou também a decisão de, após conversa, voltarem aos treinamentos. Na semana passada, a Raposa começou a acertar os débitos em atraso. De acordo com Sérgio Santos Rodrigues, até nesta quarta (3) todos os valores seriam acertados com os funcionários.

O Cruzeiro conseguiu levantar os recursos após alugar a sede administrativa do clube, por 10 anos, para Pedro Lourenço, empresário e um dos patrocinadores do clube. Contudo, ainda é incerto se os pagamentos até o final do ano serão realizados em dia.

Clube-empresa

O Cruzeiro afirma que, em dezembro de 2022, migrará para o modelo clube-empresa. A transição será baseada na Lei 14.193 (6 de agosto de 2021), que ficou conhecida como a "Lei da SAF", acrônimo para Sociedade Anônima do Futebol, mas o que isso significa em termos práticos?

O clube mineiro terá um novo CNPJ e cadastrará todos os contratos do Departamento de Futebol nesse novo número. Após aparar as arestas legais, agora a instituição busca registrar o estatuto social da SAF, visando acelerar o processo jurídico para quando houver um investidor, seja preciso apenas colocar o dinheiro no caixa da empresa.

Recentemente, o empresário e um dos antigos investidores celeste, Régis Campos, afirmou que o valor pretendido pelo Cruzeiro com a SAF gira em torno dos R$ 350 milhões. Esse valor seria para montagem do elenco para a próxima temporada. Luxemburgo afirmou que quer ter um elenco mais encorpado para disputar a Série B, diferente do que aconteceu com o Cruzeiro nos últimos dois anos.

Para contratar e planejar a temporada, além da renovação com o treinador é preciso que o Cruzeiro acerte outra situação que está pendente atualmente no elenco.

Diretor de Futebol

O Cruzeiro, atualmente, está sem diretor de futebol. A demissão de Rodrigo Pastana, no início do mês passado, deixou um buraco no organograma celeste que ainda não foi reposto. O Cruzeiro busca, sem pressa, um novo nome para ocupar o cargo.

Desde que assumiu a presidência do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues teve quatro diretores de futebol: Ricardo Drubscky, Deivid, André Mazzuco e Rodrigo Pastana. Nenhum deles se firmou e a busca pelo quinto nome existe, mas precisará ser um profissional "aprovado" por Luxa para que seja possível a renovação do contrato do treinador.

Alexandre Mattos, que teve passagem pelo Cruzeiro entre 2012 e 2015, foi procurado pela diretoria, mas não houve acordo. O executivo é o nome preferido do principal investidor do clube, Pedro Lourenço - que foi atendido em seus recentes desejos: contratação de Luxemburgo e demissão de Rodrigo Pastana.

Atualmente, as decisões do futebol do Cruzeiro são tomadas por Vanderlei Luxemburgo (treinador), Ricardo Rocha (diretor técnico), André Argolo (diretor de esportes), Claudiomir Rates (supervisor de futebol) e o próprio presidente do Cruzeiro.

Só que, para poder contratar a Raposa precisa resolver outra questão...

Transfer ban na FIFA

Atualmente, o Cruzeiro tem duas punições ativas na FIFA que impedem o registro de novos contratos de jogadores - ou seja, impedem que o clube faça novas contratações. Essa situação será resolvida quando o Cruzeiro quitar cerca de R$ 13 milhões de reais junto à entidade.

As dívidas são oriundas dos negócios que o clube fez com dois clubes. Com o Defensor do Uruguai, pelo meia Arrascaeta, a dívida é de aproximadamente R$ 7 milhões. Junto ao Mazatlán, do México, a dívida é de R$ 6 milhões pela contratação do atacante Riascos, em 2015.

As renovações de quem está sob contrato não estará ameaçada por essa punição. Contudo, conforme apurou o ge mesmo que o clube troque de CNPJ - conforme está previsto com a implementação da SAF, o Cruzeiro seguirá com a punição.

A punição é originária da FIFA; e as Federações e Confederações Nacionais e Internacionais devem respeito às normas e regulamentos dessa cadeia. A SAF é uma Lei Federal e não tem autonomia para alterar as sanções previstas. O crédito da dívida, de R$ 13 milhões, poderá ser empurrado para o "velho" CNPJ, mas a punição desportiva, não.

Globo Esporte

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