Lamine Diack, ex-manda-chuva do atletismo condenado por corrupção, morre aos 88 anos

(Foto: Benoit Tessier/Reuters)


O senegalês Lamine Diack, que presidiu a World Athletics (antigamente conhecida como IAAF, ou Associação Internacional das Federações de Atletismo) entre 1999 e 2015, morreu na madrugada desta sexta-feira aos 88 anos. A causa da morte não foi revelada. O africano havia retornado ao seu país em maio depois de ficar anos impedido de deixar a França, onde foi condenado por corrupção.

Também ex-membro do COI (Comitê Olímpico Internacional), Diack começou a ver sua reputação ruir em 2015, depois que a Wada (Agência Mundial Antidoping) revelou o esquema de dopagem estatal promovido pela Rússia. O papel do dirigente era encobrir casos positivos em troca de propinas advindas dos russos.

Naquele mesmo ano de 2015, ele deixou o comando da World Athletics, sucedido por Sebastian Coe, e passou a conviver com acusações de desvios e tráfico de influência. Em 2020, foi condenado a quatro anos de prisão pela Justiça francesa. Nunca, porém, foi encarcerado sob alegação de que tinha problemas de saúde e não resistiria às condições impostas em um presídio - cumpriu a pena em prisão domiciliar.

Em maio passado, foi liberado da prisão domiciliar ao pagar fiança e pôde voltar ao Senegal.

Segundo um de seus filhos, Papa Massata Diack, que também foi investigado por diversos crimes e acabou condenado a cinco anos de prisão (ele atualmente recorre da decisão da Justiça francesa), Lamine Diack morreu por volta de 2h da manhã (horário local).

Diack, que foi prefeito da capital senegalesa, Dakar, entre 1978 e 1980, teria recebido cerca de US$ 3,9 milhões (mais de R$ 15 milhões) em propinas de atletas que tiveram seus dopings encobertos. Ele também pagou a outros dirigentes da World Athletics para que mantivessem o esquema.

Suposta compra de votos para a Rio 2016

O nome de Diack também entrou na investigação da Operação Unfair Play, que apurou compra de votos para a eleição do Rio como sede das Olimpíadas de 2016.

Carlos Emanuel Miranda, economista apontado como gerente da propina do ex-governador Sérgio Cabral, ex-governador do Rio que está preso desde 2016, disse em acordo de delação com o Ministério Público Federal que propina paga a Lamine Diack teria servido para comprar quatro votos a favor da candidatura do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.

O MPF tinha indícios de que os US$ 2 milhões pagos a Diack haviam sido distribuídos a outros eleitores da votação em 2009. Segundo Miranda, a informação foi dada por Cabral já na prisão, no primeiro bimestre de 2017. Os dois foram presos em novembro de 2016, na Operação Calicute, desmembramento da Operação Lava Jato.

Recentemente, Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e da Rio 2016, foi condenado a 30 anos, 11 meses e oito dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Nuzman ainda pode recorrer da decisão em liberdade. A defesa dele disse o juiz o condenou sem provas e que isso será corrigido quando o tribunal julgar o recurso.

Globo Esporte

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